Cabanagem -
Pará (1835 - 1840)
A população
do Pará vivia isolada do restante do país até pela geografia da região. As
condições miseráveis em que vivia a população ribeirinha (cabanos) já havia
provocado vários protestos e manifestações, como a que fora reprimida por
Grenfell em 1823, quando da luta pelo reconhecimento da independência.
Em 1834
iniciou-se em Belém uma grande revolta popular, sob a liderança dos irmãos
Vinagre (Francisco Pedro, Antonio Raimundo e José). Cercando o palácio do
governo os revoltosos mataram o presidente de província, Bernardo de Souza Lobo
e, instituem Clemente Malcher como o novo governador.
Declarando-se
fiel ao imperador e prometendo governar até a maioridade de D.Pedro, Malcher
passou a reprimir os elementos mais radicais dos cabanos. Novamente a revolta
tomou conta de Belém, Malcher foi deposto e morto. O poder foi entregue a
Francisco Pedro Vinagre.
Francisco
Pedro não conseguiu pacificar a região e o governo regencial enviou tropas para
pôr fim ao conflito. A aproximação de tropas determinou uma onda de saques e
depredações, principalmente contra estabelecimentos pertencentes a portugueses.
Chegou então
a Belém um forte contingente militar comandado por Francisco José Soares de
Andréia, que conseguiu tomar a cidade. Os cabanos ainda resistiram no interior,
porém aos poucos vão sendo derrotados e dizimados. Cerca de trinta mil pessoas
morreram e, apesar da falta de orientação que caracterizou o movimento, os
cabanos conseguiram exercer o controle provincial por algum tempo.
Balaiada -
Maranhão (1838 - 1840)
Também no
Maranhão a população havia participado ativamente do processo de expulsão das
autoridades portuguesas durante as lutas pela independência em 1823.
Porém, como
em outras regiões, reinava um clima de decepção, pois a independência não
conseguira melhorar as condições de vida da população nem a economia da região.
A luta
política no Maranhão era travada entre dois grupos políticos: os bem-te-vis -
liberais exaltados- e os cabanos - conservadores. Em muitas ocasiões a luta
deixava de ser política e passava a ser armada. Após cada eleição sucediam-se
os crimes políticos.
A maior
parte da população do Maranhão era composta de negros e pequenos agricultores.
Muitos negros aproveitavam-se da instabilidade reinante na região para fugir e
formar quilombos. Os pequenos agricultores “sertanejos”, em geral, mulatos,
eram a base das tropas que lutavam em defesa das facções políticas da região.
Muitos grupos de sertanejos agiam de forma autônoma, invadindo fazendas e
roubando gado. Em dezembro de 1838, o líder de um desses grupos, Raimundo
Gomes, atacou uma cadeia no interior do Maranhão para libertar seu irmão.
Receberam a adesão do grupo de Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, o Balaio, e
do negro Cosme Bento, que liderava 3 mil negros. Em 1839 o grupo conseguiu
tomar a cidade de Caxias, então capital do Maranhão, invadindo posteriormente
outras localidades.
Em 1840 foi
nomeado o então coronel Luís Alves de Lima e Silva como presidente do Maranhão
com o objetivo de reprimir a revolta. Apoiado nos fazendeiros da região e
aproveitando-se das rivalidades existentes entre os grupos de rebeldes, iniciou
uma violenta repressão. Com a morte de Balaio, a rendição de Raimundo Gomes e a
prisão de Cosme Bento, Luís Alves de Lima e Silva foi condecorado com o título
de “Barão de Caxias” pelo imperador.
Sabinada -
Bahia (1837 - 1840)
A Bahia foi
uma região brasileira onde a luta pela independência travou-se de forma mais
intensa. Com forte participação popular, as tropas portuguesas foram expulsas.
Porém, com o passar do tempo a população percebeu que pouca coisa havia mudado
com a independência. Assim, várias manifestações de descontentamento ocorreram
durante o 1º Reinado e mesmo no início do período regencial.
Em 1835,
ocorreu a revolta dos malês, escravos de origem sudanesa que professavam a fé
islâmica. Milhares de negros e mestiços espalharam o pânico entre os
proprietários de terras. A revolta foi duramente reprimida.
Em 1837, em
Salvador, ocorreu um levante popular e de profissionais liberais liderados pelo
médico Francisco Sabino da Rocha Vieira. Os revoltosos defendiam a separação
temporária da Bahia até que D.Pedro assumisse o trono. O movimento, porém,
restringia-se a Salvador.
Preocupado
com a possibilidade de expansão do movimento, o regente Araújo Lima determinou
uma violenta repressão apoiada pelos senhores de terra e de engenhos da Bahia.
Os principais líderes do movimento foram mortos.
Farroupilha
- Rio Grande Do Sul (1835 - 1845)
O Rio Grande
do Sul teve sua formação econômica voltada para o atendimento das necessidades
do mercado interno. Sua produção de charque e couro abastecia as regiões
agro-exportadoras do país.
Desde a
independência, porém, a economia rio-grandense enfrentava sérios problemas.
Havia uma pesada tributação sobre os produtos da região ao mesmo tempo em que
as taxas de importação baixavam. Assim, os grandes proprietários rurais
preferiam adquirir produtos importados do mercado platino, especialmente a
Argentina, do que os produtos do Rio Grande do Sul. Por outro lado, a produção
gaúcha baseava-se no trabalho livre e progredia sempre.
Desenvolveu-se,
assim, entre os pecuaristas gaúchos, um forte sentimento em defesa de seus
interesses que se confundia com uma formação histórica diferenciada e com o
republicanismo próprio da área platina. Organizados em sua Assembléia
Legislativa, os políticos rio-grandenses passaram a opor-se aos presidentes
provinciais nomeados pelo governo regencial. Liderados por Bento Gonçalves, os
farrapos ou farroupilhas, como eram chamados os revoltosos, invadiram Porto
Alegre e destituíram o presidente da província. Tinha início a mais duradoura
revolta histórica do país.
Em 1836
proclamou-se a República do Piratini, no Rio Grande do Sul. Os combates com as
forças legalistas se acirraram. Bento Gonçalves foi preso e enviado para a
Bahia de onde fugiu ajudado pelos baianos radicais da
Sabinada.
Em 1837 os
revoltosos passaram a contar com a ajuda do revolucionário italiano Giuseppe
Garibaldi que, juntamente com Davi Canabarro, invadiram Santa Catarina,
dominando Laguna, onde proclamaram a República Juliana. O movimento atingia seu
ponto máximo.
Entretanto,
isolados do país passaram a enfrentar sérias dificuldades econômicas com a
queda de venda de charque e couro. Com a ascensão e coroação de D.Pedro II,
tentou-se pacificar a região, sem sucesso, porém.
Em 1842 foi
nomeado presidente da província Luís Alves de Lima e Silva, o Barão de Caxias,
que já havia sufocado a Balaiada no Maranhão e a Revolução Liberal em São Paulo
e Minas Gerais. Caxias conseguiu o fim da revolta negociando com os revoltosos.
O governo central fez inúmeras concessões aos farrapos: anistia geral,
incorporação dos soldados e oficiais ao exército imperial, devolução de terras
confiscadas e libertação dos escravos que lutaram ao lado dos revoltosos.
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