PERÍODO
REGENCIAL (1831 - 1840)
A abdicação
de D.Pedro I gerou um clima de euforia entre políticos brasileiros. Muitos
acreditavam que era possível iniciar uma série de mudanças na vida política do
país. Era a verdadeira comemoração da independência. Por outro lado, era
necessário tomar cuidado para que a ausência de um poder central forte não
determinasse uma onda de revoltas .
Nas
províncias de um modo geral havia um profundo descontentamento em relação ao
centralismo político-administrativo do Império no Rio de Janeiro. Tal
descontentamento foi motivo para várias revoltas, algumas de caráter social,
pelo abandono a que estavam relegadas as populações das regiões mais distantes
dos centros decisórios da nação.
Assim que
D.Pedro abdicou, formaram-se no país três grupos políticos:
· Moderados: defendiam uma monarquia
constitucional representativa, formado principalmente por grandes proprietários
de terras.
· Exaltados: defendiam princípios
federalistas e republicanos, formado por classes urbanas.
· Restauradores: defendiam o absolutismo
e a volta de D.Pedro, formado por portugueses radicados no Brasil.
Pela
Constituição de 1824, na falta de Imperador e na impossibilidade do herdeiro
assumir, seriam escolhidos três regentes para governar até a posse do herdeiro
legítimo
Regência
Trina Provisória (1831)
Quando
D.Pedro abdicou, a Assembléia estava em férias, e deputados e senadores que
estavam na capital escolherem regentes de caráter provisório. Os três
escolhidos eram de tendências conservadoras, sendo dois do partido moderado -
Nicolau Campo Vargueiro e Brigadeiro Francisco de Lima e Silva - e um do partido
restaurado - José Joaquim Carneiro de Campos ( Marquês de Caravelas).
Essa
regência governou o país por pouco mais de dois meses. Apesar do pouco tempo,
algumas decisões importantes foram tomadas no período. Houve a reintegração do
Ministério Brasileiro, restringiu-se o poder moderador e foi concedida anistia
aos presos políticos.
Ao mesmo
tempo, exaltados e restauradores envolviam-se em conflitos e revoltas na
capital do país.
Regência
Permanente (1831/1835)
Na escolha
dos regentes permanentes os moderados, então no poder, deram prioridade para a
conciliação geográfica de forma a permitir a participação de políticos tanto do
sul quanto do norte/nordeste.
A regência
permanente contou com a participação do Brigadeiro Francisco de Lima e Silva e o
deputado José da Costa Carvalho - representando a aristocracia agrária do sul -
e João Braúlio Muniz - representando a aristocracia agrária do nordeste.
O clima de
agitação que tomava conta do país exigia que o ministério da Justiça
responsável pela manutenção da ordem, fosse ocupado por alguém de bastante
expressão e capacidade. O escolhido, o padre Diogo Antonio Feijó, recebeu
amplos poderes para sufocar as rebeliões que se espalhavam pelo país.
Feijó criou
a Guarda Nacional, em 1832, que tinha como objetivos: diminuir a área de
atuação do exército - foco de exaltados - e aumentar o poder dos proprietários,
já que os membros da Guarda deveriam ser proprietários de terras. Além de
fazerem parte da Guarda os proprietários deveriam prover capital para a manutenção
das tropas. Isto fez com que Feijó criasse a titulação de Coronel para os
proprietários que auxiliassem no empreendimento.
Porém Feijó
acabou se desentendo com José Bonifácio, político de grande expressão no
cenário nacional, e acabou sendo destituído do cargo de ministro da Justiça.
Outro tema
bastante frequente nos debates parlamentares era a necessidade de reforma
constitucional. Exaltados e Moderados sabiam das limitações da Constituição de
1824. No entanto, havia sérias divergências entre eles, pois os exaltados
queriam implantar suas idéias federalistas enquanto os moderados defendiam o
centralismo. Como todas as decisões passavam pela aprovação do Senado e este
era um reduto de restauradores, houve um acordo entre os três grupos e, em agosto
de 1834 foram aprovadas as reformas por meio de um Ato Adicional na
Constituição, que tinha como principais atributos:.
· criação das Assembléias Legislativas
Provinciais.
· extinção do Conselho de Estado ou
Conselho de Procuradores das Províncias.
· a cidade do Rio de Janeiro, capital do
Império, tornou-se município neutro.
· o Senado continuou sendo vitalício.
· a Regência UNA, eleita pelo voto
direto.
O Ato
Adicional cumpri então seu papel de conciliação, cedendo autonomia para as
províncias como queriam os exaltados, extinguindo o Conselho de Estado como
queriam os moderados e mantendo a vitaliciedade do Senado como queriam os
Restauradores.
A morte de
Dom Pedro, em Paris, alterou a estrutura dos partidos brasileiros. Os
restauradores se uniram a alguns moderados formando o partido Conservador. Os
exaltados e alguns moderados descontentes se uniram e formaram o partido
Liberal. Estes dois partidos a partir de 1834, vão disputar pelo poder político
até a Proclamação da República em 1889.
Regência do
Padre Feijó (1835/1837)
O governo do
padre Feijó foi agitado. Eleito pelo partido liberal com uma pequena vantagem,
Feijó não conseguiu base parlamentar para desenvolver seu governo. Nas
eleições parlamentares de 1836, os
conservadores estabeleceram maioria na Câmara. Sofrendo forte oposição na
Câmara, Feijó encontrava muitas dificuldades para governar o país. Além disso,
duas grandes revoltas provinciais ocorreram durante seu governo: a Farroupilha,
no Rio Grande do Sul e a Cabanagem, no Pará.
Isolado
politicamente, atacado pela Câmara, incapaz de sufocar as revoltas que se
espalhavam pelo país e adoentado, Feijó renunciou ao mandato em 1837. Seu
substituto foi o conservador Araújo Lima.
Regência de
Araújo Lima
Durante sua
regência foram levadas a efeito as mudanças políticas que fortaleceram os
conservadores no poder: criou-se a Lei da Interpretação do Ato Adicional, que
tinha como objetivo limitar o poder das Assembléias Provinciais.
Mesmo com
todas as condições para exercer o controle do poder, Araújo Lima não conseguiu
evitar a eclosão de mais duas revoltas: a Sabinada, na Bahia e a Balaiada, no
Maranhão.
Na medida
que revoltas se sucediam pelo país, crescia a idéia para solucionar tantas
revoltas, protestos e manifestações: era a ascensão de Pedro de Alcântara ao
poder. No entanto, o herdeiro não possuía poder e idade necessária para assumir
o trono.
Os liberais
perceberam a chance de voltar ao poder e fundaram o Clube da Maioridade. Apresentava-se a proposta de emancipação de
Pedro de Alcântara como solução para as manifestações separatistas que
assolavam o país. Indagado pelo regente sobre sua disposição em assumir a Coroa
antecipadamente, Pedro teria respondido: “quero já!!”. Aprovada a antecipação
pela Câmara, o imperador foi coroado em julho de 1840, com 15 anos de idade.
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