A Civilização Árabe foi uma das mais brilhantes do
período medieval e se estendeu da Índia até a Península Ibérica, passando pela
Mesopotâmia, Palestina (Terra Santa), Egito, Norte da África. Tendo como ponto
de partida a Península Arábica, região desértica, salpicada por alguns oásis,
os árabes ganharam o mundo depois de unificados em torno da fé islâmica.
Duas Épocas da História:
- Pré-islâmica: antes da criação da religião
muçulmana (ano 570)
- Islâmica: após a criação do islamismo
Arábia Pré-Islâmica:
Os árabes são semitas e, portanto, parentes dos
hebreus e dos povos da Mesopotâmia. Dividiam-se em tribos, governadas por um
xeque, e eram, em sua maioria, nômades ou semi-nômades. As tribos coraixitas,
habitavam a região litorânea e viviam do comércio fixo. As tribos do deserto eram chamados também de beduínos e não tinham
unidade política, levavam uma vida difícil no deserto, com suas
caravanas, praticavam o comércio de vários produtos pelas cidades da região..
Espalhavam-se por toda a Península Arábica, mas só
podiam fixar-se na costa do Mar Vermelho ou em oásis onde praticavam alguma
agricultura. Suas atividades econômicas principais eram o pastoreio e o
comércio.
Adoravam vários deuses (politeísmo) e Alá era
somente um deles. Tinham um lugar sagrado, que recebia muitos peregrinos, a
Caaba. Este santuário estava localizado na cidade de Meca e dentro dele se
encontravam muitas imagens de deuses e a Pedra Negra.
A Pedra Negra é provavelmente um meteorito que caiu
na Terra e passou a ser adorado pelos árabes. Eles acreditavam que a pedra
teria ficado negra com os pecados de Adão e que teria sido dada a Abraão e seu
filho Ismael pelo Anjo Gabriel.
Suas cidades principais eram Meca e Yatribe, atual
Medina.
Maomé – O Profeta:
Maomé ou Mohamed nasceu em Meca no ano de 570 d.C.
Era comerciante e casou-se com uma viúva rica, Khadidja, muito mais velha que
ele. Quando tinha aproximadamente 40 anos, teria recebido do anjo Gabriel o
livro sagrado dos muçulmanos, o Corão ou Alcorão.
Como não sabia ler o texto foi ditado por Maomé e escrito por outras pessoas, uma delas, provavelmente sua esposa. Alguns preceitos básicos da religião Islâmica são: só existe um deus, Alá, e Maomé é seu profeta; rezar cinco vezes ao dia voltado na direção de Meca; ficar em jejum durante o mês de Ramadã; praticar caridade; visitar Meca pelo menos uma vez na vida.
Como não sabia ler o texto foi ditado por Maomé e escrito por outras pessoas, uma delas, provavelmente sua esposa. Alguns preceitos básicos da religião Islâmica são: só existe um deus, Alá, e Maomé é seu profeta; rezar cinco vezes ao dia voltado na direção de Meca; ficar em jejum durante o mês de Ramadã; praticar caridade; visitar Meca pelo menos uma vez na vida.
A religião muçulmana tem muito em comum com as duas
outras religiões monoteístas, o Judaísmo e o Cristianismo. Os muçulmanos
consideram o Velho Testamento, acreditam que Abraão é o pai dos árabes, crêem
no paraíso, nos anjos, no inferno. Consideram também Jesus Cristo como um
profeta que teria antecedido Maomé, havendo um capítulo no Corão dedicado à
Virgem Maria.
O Triunfo da nova crença:
Maomé inicia a sua pregação, mas esta não é bem
recebida pelos comerciantes que lucravam com as peregrinações à Meca. Assim, em
622, Maomé é obrigado a fugir da cidade indo se esconder em Yatribe que passou
a ser chamada de Medina (Cidade do Profeta). Essa data é conhecida como Hégira
e marca o início do calendário muçulmano.
Maomé intensifica a sua pregação e declara guerra
santa aos infiéis. Os muçulmanos que morressem na tarefa de conquistar e
converter os infiéis teriam a entrada garantida no paraíso. Muitos se
converteram e começou-se a desenhar a unidade árabe.
No ano de 630, Maomé conquista Meca e retira os
ídolos da Caaba mantendo somente a Pedra Negra. A partir de então, o Islamismo
se espalha rapidamente. Em 632, ano da morte do Profeta, os árabes estavam
unificados, mas Maomé morre sem indicar um sucessor.
O Islã
Período dos Califas:
Califa quer dizer “sucessor”. Os Califas eram os
sucessores do profeta Maomé e guardiões da fé islâmica.
Os quatro primeiros Califas (Abu-Bakr, Omar, Oman e
Ali) governaram em Meca. Durante o governo de Omar iniciou-se a expansão e
foram anexadas ao Império Árabe as seguintes regiões: Pérsia (depois de 10 anos
de luta); a Síria; a Palestina (Terra Santa); o Egito (dois anos de luta); e o
Norte da África. As populações cristãs e judias dessas regiões poderiam manter
a sua fé em troca de impostos mais altos mas os demais deveriam se converter.
Os árabes se aproveitaram da estrutura de governo do Império Bizantino para organizar o seu Estado.
Os árabes se aproveitaram da estrutura de governo do Império Bizantino para organizar o seu Estado.
O último dos quatro califas foi Ali, esposo de
Fátima filha de Maomé. Ele conquistou outros territórios e defendia que Maomé o
teria escolhido antes de sua morte. Durante o seu governo estourou uma guerra
civil e com a sua morte, em 661, o governo dos árabes passou para a dinastia do
Omíadas. Mesmo assim, os seguidores de Ali deram origem a seita islâmica dos
xiitas, “partidário”, que advogam que somente os herdeiros de Ali e Fátima
podem governar o Islã.
A primeira dinastia (governantes de uma mesma
família) foi a dos Omíadas que governou de 661 a 750. Eles transferiram a
capital para Damasco e conquistaram a Índia, a Armênia, o Cáucaso e a Península
Ibérica colocando fim ao reino dos Visigodos. Sua expansão na Europa chegou ao
fim em 732 quando foram derrotados pelos francos na Batalha de Poitiers.
Em 750, depois de uma revolta, os sucessores de um dos tios de Maomé, Abas, deram início à dinastia dos Abássidas. A capital foi transferida para a Mesopotâmia, onde foi fundada a grande capital do mundo árabe, Bagdá.
Em 750, depois de uma revolta, os sucessores de um dos tios de Maomé, Abas, deram início à dinastia dos Abássidas. A capital foi transferida para a Mesopotâmia, onde foi fundada a grande capital do mundo árabe, Bagdá.
Durante o governo dos Abássidas o império árabe
atingiu seu apogeu e os Califas incentivavam o desenvolvimento artístico e
cultural. A expansão territorial também continuou e durante o governo dos
Abássidas o território árabe chegou a se estender da China até a Península
Ibérica.
Também nesse período o Império começa a se
fragmentar. Em 760, os muçulmanos da Espanha declaram sua independência e em
968 foi a vez do Egito.
Com o enfraquecimento dos Califas, seus guardas
pessoais que eram oriundos da recém-convertida tribo dos turcos, começou a
ganhar mais e mais poder. Em 1055, uma das tribos turcas, a dos seldjúcidas,
tomou Bagdá. O califa cedeu lugar para o sultão dos turcos. O Império turco se
construiu sobre a base estabelecida pelos árabes e se estendeu pela Ásia e
África, tornando-se um perigo para os europeus.
As Ciências e as Artes:
Coube aos árabes difundir na Europa os inventos
chineses, tais como o papel, a pólvora, o cultivo do arroz e do algodão.
Introduziram o cultivo da cana-de-açúcar na Sicília e em Chipre. Como estavam
no meio do caminho entre o Ocidente e o Oriente, e o comércio era sua principal
atividade, enriqueceram sua civilização com contribuições de muitas outras.
Através dos árabes, principalmente os da Península Ibérica chamados de mouros, muitas obras de Filosofia (Platão e Aristóteles), de Matemática (Euclides, Arquimedes) voltaram a circular na Europa traduzidas por eles do grego para o árabe e depois outras línguas européias. Além disso, trouxeram para o ocidente a numeração indiana conhecida entre nós como números arábicos e o uso do zero.
Através dos árabes, principalmente os da Península Ibérica chamados de mouros, muitas obras de Filosofia (Platão e Aristóteles), de Matemática (Euclides, Arquimedes) voltaram a circular na Europa traduzidas por eles do grego para o árabe e depois outras línguas européias. Além disso, trouxeram para o ocidente a numeração indiana conhecida entre nós como números arábicos e o uso do zero.
Na Medicina destacaram-se Averróis e Avicena, cuja
obra foi utilizada na Europa até o século XVII. Averróis se destacou também em
outras áreas como a Física. A Química foi outro campo muito desenvolvido pelos
árabes que descobriram e/ou desenvolveram elementos e fórmulas utilizadas até
hoje. Além disso inspiraram os famosos “químicos” medievais, os alquimistas.
A arte árabe foi marcada por evitar a representação
da figura humana mas o que poderia servir de limitação acabou estimulando a
representação abstrata que tanto embelezam os palácios e mesquitas, os chamados
arabescos, além de serem mestres na construção de mosaicos. Na arquitetura se
destacaram pelo uso dos arcos, colunas e abóbadas.
Na Literatura os árabes compuseram obras magníficas como “As Mil e Uma Noites” onde estão narradas as aventuras de Simbad e Aladim. No campo da História destacou-se Ibn Khaldun.
Na Literatura os árabes compuseram obras magníficas como “As Mil e Uma Noites” onde estão narradas as aventuras de Simbad e Aladim. No campo da História destacou-se Ibn Khaldun.
PEQUENO GLOSSÁRIO:
Califa: quer dizer sucessor. Título usado pelos primeiros
governantes árabes, sucessores de Maomé.
Xeique: líder eleito das tribos árabes.
Xeique: líder eleito das tribos árabes.
Emir: governador de território escolhido pelo
Califa.
Infiel: termo aplicado aos não-muçulmanos.
Muçulmano ou Islâmico: aquele que segue a religião
iniciada por Maomé. Não é sinônimo de árabe. Os árabes, hoje, representam
somente uma parte dos muçulmanos, sendo a maioria formada por povos convertidos
na expansão.
Jihad: quer dizer esforço, isto é, qualquer missão
que necessite de empenho por parte do muçulmano. Hoje, no senso comum, virou
sinônimo de guerra santa.
Sultão: governante dos turcos.
Turcos: membros de várias tribos de origem mongol –
parentes, portanto, dos hunos –convertidos ao Islã. Se tornaram guardas
pessoais do Califa e depois conquistaram os árabes estabelecendo o chamado
Império Otomano.
Mouros: muçulmanos da Península Ibérica.
Suna: conjunto dos ditos de Maomé (hadiz)
registrados depois da sua morte pelos seus seguidores. É um complemento ao
Corão.
Sunitas: representam a maioria dos muçulmanos hoje
e se dividem em vários grupos. Apareceram no século XI em oposição aos xiitas.
Acreditam na Suna, veneram os seguidores de Maomé e defendem que qualquer fiel
deve ter o direito ao governo.
Xiitas: seguidores de Ali (4º Califa) e Fátima,
filha de Maomé. O termo vem de shiá (partidário/seguidor) e defendem que o
governo deve estar nas mãos dos descendentes do profeta. São maioria somente no
Irã e no Iraque. Xiita, hoje, no senso comum, é usado para designar qualquer
radical ou extremista, o que é de certa forma um preconceito.
Sharia: A lei Islâmica.
Segue um pequeno texto publicado no Correio
Brasiliense:
“A Sharia é uma lei islâmica que se aplica às
populações muçulmanas no Sudão, na Nigéria, no Irã, na Arábia Saudita e na
Líbia. Ela é baseada no texto do Corão, o livro sagrado do Islã, e seus
principais mandamentos consistem em leis estabelecidas em revelações do profeta
Maomé, presentes nas Escrituras.
Para os muçulmanos, a Sharia representa um código
moral que rege suas vidas segundo a vontade de Alá (Deus, em árabe), no
entanto, nem todos os países islâmicos adotam as penas determinadas por esse
código. Entre suas medidas mais polêmicas estão a mutilação ou condenação à
morte, chamadas de penas hadd, para atos como furtos, estupros, adultério,
assassinato, entre outros. Em 2002, os tribunais superiores da Nigéria, que
adota a lei desde 1999, condenaram à morte por enforcamento Sani Yakubu Rodi,
de 27 anos. Rodi foi considerado culpado pelo assassinato de sua mulher e seus
dois filhos.
Uma das fortes críticas aos países que incorporaram a Sharia ao seu sistema penal é sobre a crueldade e o rigor das penas para crimes considerados comuns no Ocidente. A amputação de uma das mãos imposta ao condenado em caso de roubo é uma exemplo das penas hadd, os castigos mais extremos da Sharia.
Uma das fortes críticas aos países que incorporaram a Sharia ao seu sistema penal é sobre a crueldade e o rigor das penas para crimes considerados comuns no Ocidente. A amputação de uma das mãos imposta ao condenado em caso de roubo é uma exemplo das penas hadd, os castigos mais extremos da Sharia.
Em caso de consumo de álcool, prática de relações
sexuais pré-conjugais e outras infrações como calúnia ou difamação, as leis
hadd estabelecem a pena de flagelação por chibatadas. Em 18 de janeiro de 2002,
o juiz de um tribunal islâmico nigeriano, Mohammed Nai’la, recebeu 80 golpes de
chibata em praça pública por ter consumido bebidas alcoólicas. O adultério é
considerado uma ofensa extrema e sua punição consiste no apedrejamento até a
morte.
As penas são aplicadas de acordo com os critérios de juízes, baseados no Corão e nas palavras, exemplos e modo de vida de Maomé, chamados de Sunnah. Em casos em que alguns atos não são mencionados, os tribunais avaliam as penalidades de acordo com seu discernimento. Na Nigéria, os juízes não somente são instruídos com a Sharia, mas também estudam jurisprudência em escolas islâmicas de direito.”
As penas são aplicadas de acordo com os critérios de juízes, baseados no Corão e nas palavras, exemplos e modo de vida de Maomé, chamados de Sunnah. Em casos em que alguns atos não são mencionados, os tribunais avaliam as penalidades de acordo com seu discernimento. Na Nigéria, os juízes não somente são instruídos com a Sharia, mas também estudam jurisprudência em escolas islâmicas de direito.”