O PRIMEIRO
REINADO (1822/1831)
O primeiro
reinado é um período de transição, segundo alguns historiadores brasileiros,
visto que muitas estruturas coloniais foram mantidas e, o próprio Imperador era
oriundo da elite portuguesa colonizadora.
Economicamente
o Brasil estava vivenciando uma crise econômica, pelo fato de seus principais
produtos - açúcar, algodão, tabaco, couro - estarem em baixa no mercado
mundial. Assim sendo, o Imperador tinha muitos problemas a resolver, o primeiro
deles era ser reconhecido tanto interna como externamente.
· o reconhecimento interno: a
resistência a autoridade do Imperador não foi pequena. Como o país
recém-independente não dispunha de exército organizado, nem de contingente
militar experiente e suficiente para
sufocar possíveis revoltas, D. Pedro e
seus partidários contrataram mercenários estrangeiros que tiveram participação
decisiva, como John Grenfell, John Taylor, David Jewet, Pierre Labatut, Lord
Cochrane e outros. As guerras mais violentas se deram na Bahia, Pará e
Província Cisplatina.
· reconhecimento externo: o Brasil não
precisou enfrentar nenhuma guerra para ser reconhecido externamente, bastaram
alguns acordos para tudo ficar acertado. O primeiro a reconhecer o Brasil foram
os EUA, interessados em conseguir
privilégios no mercado brasileiro. Logo em seguida veio a Inglaterra, que
visava manter seus privilégios e, se possível, aumentá-los. A Portugal não restava outra saída senão negociar com o
Brasil. Para reconhecê-lo exigiu que D. João VI fosse aclamado imperador e que
o Brasil saldasse uma dívida com a Inglaterra, em nome de Portugual, de 2
milhões de libras esterlinas.
Ao mesmo
tempo em que se procurava reconhecimento era primordial organizar a vida
política da nação, para isso D. Pedro iniciou os trabalhos da Assembléia
Constituinte em 1823. Os grupos políticos dividiram-se em três tendências:
moderados (adeptos dos 3 poderes); exaltados (federalistas) e portugueses (defendiam
o absolutismo). O anteprojeto da Constituição teve como base a Constituição
americana, por isso suas idéias básicas eram: a divisão de poderes, proibição
de dissolução do Parlamento, voto censitário (rendas).
D. Pedro, ao
receber o ante projeto, se irritou com as propostas e dissolveu a Assembléia.
Este episódio ficou conhecido como a “Noite da Agonia”.
O Imperador
resolve ele mesmo elaborar uma Constituição e, em 1824 outorga ao povo
brasileiro sua primeira Constituição, que tinha como principais
características:
· a forma de governo era a Monarquia
Hereditária Constitucional e Representativa.
· estabelecimento de 4 poderes:
Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador.
· voto censitário.
· a igreja oficial do Estado era a
Católica, e esta estava presa à autoridade do Imperador. - PADROADO.
·
A dissolução
da Assembléia Constituinte e a Outorga
da Constituição causaram grande descontentamento da classe política do Brasil e
da população em geral. Após estes fatos,
D. Pedro vai pouco a pouco tornando-se autoritário e acaba perdendo apoio para
governar, sendo coagido a abdicar em 1831.
Confederação
do Equador: revolta iniciada em Pernambuco, com ideais republicanos e federalistas.
A causa principal foi a outorga da Constituição. Várias províncias aderiram ao
movimento - Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará - mas logo em seguida foram
dominadas e Pernambuco ficou isolado na luta. D. Pedro contratou mercenários e
rapidamente o movimento foi debelado. Muitos líderes foram executados, entre
eles Frei Caneca.
Guerra da
Cisplatina: conflito envolvendo Brasil e Argentina pela disputa da região da
Cisplatina. Esta guerra desagradou os brasileiros porque para financiar a
guerra houve aumento de impostos. Além disso, o Brasil nem ficou com a região.
Devido a intervenção da Inglaterra, em 1828, foi criado o Estado Oriental do
Uruguai, pondo fim momentaneamente aos conflitos no Prata.
Devido a
estes acontecimentos o governo de D. Pedro ficou bastante fragilizado, uma vez
que o Imperador perdeu apoio da elite agrária e da população. Para piorar a
situação, um jornalista da oposição, Libero Badaró, é assassinado e a culpa
recai sobre D. Pedro.
Em fins de
1830, o Imperador, tentando recuperar seu prestígio, empreendeu uma viagem a
Minas Gerais, onde foi friamente recebido. No Rio de Janeiro, os portugueses
prepararam homenagens para receber D. Pedro que foram prejudicadas pelos
brasileiros descontentes: aconteceria a “Noite das Garrafadas” (12 de março de
1831).
Na madrugada
do dia 7 de abril de 1831, D. Pedro abdicava em favor de seu filho Pedro de
Alcantara, na época um menino de cinco anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário