domingo, 18 de setembro de 2011

Revoltas Nativistas

As primeiras revoltas ocorridas na colônia não visavam a independência, eram reações às arbitrariedades das autoridades portuguesas, ao excesso de fiscalização e às reivindicações dos colonos não atendidas pela metrópole, sendo por isso chamadas de rebeliões nativistas.
Elas tinham um caráter local e pouca definição ideológica, que visavam apenas reformar alguns aspectos mais detestáveis da exploração colonial e que variava de região para região, sem, entretanto, questionar a autoridade da Coroa portuguesa ou propor a construção de uma nova nação.
A exploração que a metrópole exercia sobre a colônia brasileira provocava a reação dos colonos, que se acentuavam na medida em que a economia colonial se desenvolvia.

Revolta de Palmares
O negro sempre lutou contra a escravidão. A rigor, a luta do negro pela liberdade no Brasil é um fato histórico que chega, inclusive, aos dias atuais.
Caixa de texto: Quilombo – comunidade negra formada e organizada para realizar a luta pela liberdade e contra a escravidão. Esses redutos foram a base da resistência negra e se espalharam por todo o Brasil.A fuga de escravos e a formação dos quilombos foram comuns no Brasil desde o século XVI, porém esses movimentos coletivos de resistência dos escravos negros não conseguiam questionar o sistema escravista.
Das dezenas de quilombos existentes no Brasil destaca-se o Quilombo de Palmares, que pela extensão territorial, nível de organização e tempo de duração, se transformou no mais importante movimento negro da nossa história.
Ali conviviam negros das mais diferentes etnias, mestiços e índios, com uma estrutura de produção voltada para o consumo interno e para o comércio de excedentes, sendo a terra propriedade coletiva de toda a comunidade.
Palmares, com sua organização política, econômica e social, era um verdadeiro Estado Negro autônomo dentro do Brasil senhorial. Por isso a sua existência era uma afronta às elites coloniais.
Sua destruição ocorreu em 1694, depois de 10 anos de cerco e 18 expedições contra a comunidade, a última liderada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho. Zumbi, líder da comunidade, resistiu heroicamente, conseguindo inclusive escapar com centenas de quilombolas, a fim de tentar organizar a resistência negra em outro ponto. Em 1695 foi aprisionado e decapitado, e a sua cabeça foi colocada em praça pública para servir de exemplo aos negros que o julgavam imortal.

Revolta de Beckman (1648)
O problema essencial para o colono do Norte era a necessidade de utilizar mão-de-obra indígena na lavoura e na coleta das drogas do sertão, já que os jesuítas radicalmente contrários a escravização indígena, e o Estado metropolitano que interferia de forma arbitrária na questão, restringiam a possibilidade dos colonos acumularem mais riquezas.
Na tentativa de resolver o problema o governo português, criou em 1682, a Companhia de Comércio do Estado do Maranhão, que se comprometeu em abastecer a região com escravos negros e adquirir os produtos locais. Além de não cumprir os encargos assumidos, a Companhia ainda se caracterizou por uma corrupção deslavada, tapeando os colonos, falsificando os pesos e medidas, roubando o erário e vendendo seus produtos de baixa qualidade a preços altíssimos.
Em 1684, chefiados por Serrão de Castro e pelos irmãos Beckman, os colonos se rebelaram, expulsando os jesuítas e ocupando os armazéns da Companhia. Constituíram um novo governo, aboliram o monopólio da Companhia e revogaram o Alvará que os impediam de escravizar os índios.
Um novo governador foi nomeado e habilmente debelou o movimento revoltoso, prendendo e enforcando seus principais líderes. Os jesuítas recuperaram o controle sobre os indígenas, permanecendo o atrito com os colonos.

Guerra dos Emboabas (1707)
Com a descoberta de ouro a vida na colônia sofreu profundas alterações e as Minas Gerais passaram a ser o centro das atenções dos indivíduos de todas as partes do Brasil e até de Portugal. Pessoas das mais diferentes origens e níveis culturais povoaram de forma desordenada a região das Minas Gerais em busca do enriquecimento rápido que o ouro oferecia.
O governo português, interessado na cobrança do quinto (imposto sobre o ouro), incentivava o povoamento rápido da região, quanto mais gente extraindo ouro mais imposto arrecadado, para isso concedia lotes auríferos para os portugueses, gerando atritos com o paulistas, que não aceitavam a intromissão dos “invasores” emboabas (como eram chamados os portugueses) e exigiam para si o direito de exploração aurífera, alegando que a região mineradora era parte da Capitania de São Vicente.
Após conflitos armados, os emboabas, em número superior aos bandeirantes paulistas, obtiveram plenos poderes sobre as Minas Gerais, fazendo com que os paulistas se retirassem para a região do Mato Grosso e de Goiás, onde encontraram novas jazidas de ouro, incorporando assim a região Centro-Oeste à Coroa portuguesa.

Guerra dos Mascates (1710)
Este conflito pode ser visto sob vários prismas: o das nacionalidades (brasileiros, os “mazombos”, contra portugueses, os “mascates”), o econômico (produtores contra comerciantes de açúcar) e o municipal (Recife contra Olinda).
Olinda, até a dominação holandesa, era o centro aristocrático da elite agrária pernambucana, área mais importante da capitania, sobressaindo-se em relação a Recife.
Recife, durante a administração holandesa, foi urbanizado e recebeu obras grandiosas, tornando-se sede administrativa da capitania e superando Olinda em importância política.
Com a expulsão dos holandeses e a crise econômica da empresa açucareira nordestina tornou-se mais evidente o contraste entre Olinda e Recife. Enquanto a velha e aristocrática Olinda empobrecia com a crise açucareira, a jovem e dinâmica Recife enriquecia com o comércio manipulado pela burguesia portuguesa, que insistia em manter o local como sede administrativa da capitania.
Em 1709, por determinação de D. Pedro II, Recife transformou-se em município, e no ano seguinte em vila. Os olindenses não se conformaram e marcharam sobre Recife, invadindo e dominando a cidade.
A Coroa portuguesa interveio nomeando um novo governador, que prendeu e enviou para Lisboa os líderes revoltosos, demonstrando simpatia pelos “mascates”, afinal era de Recife o dinheiro e o comércio da capitania.
Ao final do conflito Recife foi confirmada como vila e capital da capitania, consolidando a vitória da rica burguesia portuguesa.

A Revolta de Vila Rica ou Filipe dos Santos (1720)
A causa imediata do conflito foi a determinação governamental de recriar as Casas de Fundição, em 1719, e intensificar a cobrança do quinto, demonstrando a opressiva tributação que refletia na rigorosa política fiscal implementada pela metrópole.
As casas de Fundição não permitiriam que fosse burlado o fisco português, mas ao mesmo tempo aumentaria os custos dos mineradores, que queriam manter a sonegação fiscal.
Em 1720, um grupo de mineradores e escravos armados sob a liderança de Filipe dos Santos tomou Vila Rica e exigiu uma série de medidas, inclusive a não instalação das Casas de Fundição. O governador para ganhar tempo e organizar a reação, fingiu aceitar as exigências e tomar providências a respeito. Assim que as forças militares foram estavam prontas, marcharam sobre Vila Rica e puseram fim a revolta de forma violenta. Filipe os Santos foi enforcado e seus restos pendurados em postes.

Fonte: internet

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